sábado, 1 de outubro de 2011

O novo Kindle e o iPad



A Amazon tem colocado mais pontos positivos no Kindle a cada nova safra. Estamos já na terceira edição do tablet dessa gigante do mercado editorial. Como o tempo passa! E pensar que algumas editoras ainda estão a pensar se entram ou não no promissor mercado de eBooks...

O Kindle está muito leve (240 g) e seu preço também está bem leve, U$ 140,00, o que dá cerca de R$ 260,00. Se compararmos com o preço do iPad, cerca de R$ 1700,00 percebemos que os produtos da Apple são para poucos, bem poucos mesmo. Nos dias de hoje, isso é um problema. A Europa e os EUA estão em crise. A renda dos estadunidenses, assim como dos europeus, caiu. Não é à toa que as vendas do cobiçado iPad se reduzem sistematicamente ano a ano. Cada vez mais ele é para poucos. Ao contrário, a venda do Kindle cresce consistentemente.

A Amazon, sempre de olho nas necessidades dos clientes, tem um aplicativo gratuito que permite a leitura dos livros comprados em sua loja em computadores, notebooks, smartphones, etc. Bem diferente da Apple. Para ler os livros comprados na loja da Apple fora do iPad é mais complicado. Há uma série de trâmites e truques para conseguir. Encontramos até mesmo vídeos na internet ensinando o processo todo. Êpa, mas será que o leitor está disposto a gastar tempo com isso? Tudo o que ele queria era ler o livro, raios! Ironicamente, num desses vídeos de ajuda, na área de comentários, um internauta reclamou: estou acessando sua página do meu iPhone (o smartphone da Apple) e não consigo ver o vídeo explicativo pois ele está em formato flash, que o iPhone não lê

Constata-se, portanto, que a Amazon deixa seu leitor mais livre. A Apple não. Embora os livros da Amazon estejam em um formato proprietário (tipo de arquivo específico da Amazon), que é o formato mobi, é possível lê-los em seu computador, netbook, etc, e não apenas no Kindle.

E o caminho inverso também é verdadeiro: você consegue, com programas gratuitos e bem simples, como o Calibre, converter livros que estejam em formato pdf, epub, html e outros para o formato mobi e, assim, lê-los no seu Kindle.

O ponto fraco

Mas agora, o outro lado da moeda: o ponto fraco do Kindle. Havíamos dito, em outro post do Criar eBook, que o ponto forte do iPad - que é o fato dele ser caro, chic e sofisticado - era também seu ponto mais fraco. Este mesmo paradoxo, do ponto fraco e forte serem o mesmo, também ocorre com o Kindle. Estranho, não? Abaixo vamos entender melhor essa afirmação.

O Kindle utiliza a tecnologia conhecida como e-ink, ou seja, tinta digital. Sua tela tem duas características marcantes e inesperadas:

1) é em preto e branco;
2) não emite luz!

Ao não emitir luz, a tela do Kindle funciona como se fosse uma folha branca de papel: só é possível lê-lo se você tiver luz no ambiente. É muito, muito diferente de uma tela de LCD ou LED, com sua luz que pode cansar os olhos. Ler no Kindle é muito confortável. Além da vantagem de que mesmo um livro que tenha 1000 páginas pesará 240 gramas, o que é mais confortável ainda. E as letras ficam realmente nítidas.

A ausência de cor tem uma explicação simples: por enquanto, não há tecnologia para exibir cor numa tela de e-ink. Que sirva de consolo o fato de que é o e-ink que permite à Amazon manter um preço tão baixo para o Kindle.

Outra vantagem da tela de e-ink é que o leitor de livros em papel tende a gostar. Ele não sente que está lendo na tela de um computador. Até mesmo o abajur que ele usa para ler na cama é o mesmo que ele usa para ler livros em papel! Essa é uma enorme vantagem nos dias de hoje pois estamos numa fase de transição, do livro em papel para o livro digital (muito embora o livro em papel deva seguir existindo por décadas).

Mas então, onde está o tal ponto do Kindle, afinal? Trata-se da seguinte situação: o eBook está em franca ascensão, e muitos apostam que ele atrairá novos leitores, devido ao seu preço baixíssimo e à sedução dos tablets. Mas o eBook, como já dissemos aqui, não é um livro. Ele é um outro formato, riquíssimo de possibilidades. O comitê internacional que gerencia o formato universal do eBook (formato epub) já se prepara para incluir no eBook pequenos vídeos, sons. E atualmente o eBook já tem, claro, a possiblidade de incluir imagens coloridas em diversos formatos. É um novo universo que se abrirá. E o Kindle estará fora dele, pois a tela de tinta eletrônica (e-ink) não permite cor, e muito menos video.

Então a Amazon, a Apple, a Barnes & Noble (concorrente da Amazon) e todos os fabricantes de tablets estão diante do seguinte dilema filosófico:

1) fabricar um tablet que agrade ao leitor que já lia livros antes do advento dos tablets, ou
2) fabricar um tablet que agrade aos novos leitores, oriundos da era digital.

A tecnologia não permite, ainda, satisfazer aos dois públicos. Qual das opções você, leitor, adotaria?

A Amazon, por hora, escolheu a primeira opção. E está se dando bem. Aliás, muito bem. Mas a comparação é inevitável. Estamos na era das telas coloridas e a tela do Kindle é em preto e branco. Certamente os técnicos da Amazon estão dando tratos à bola para resolver a questão nos próximos anos.

Felizmente, as pequenas editoras não têm que fazer a escolha. Elas podem estar presentes nos dois mundos. Ou melhor, nos três mundos, se incluirmos o livro em papel. É possível lançar os títulos em papel, em formato mobi e em formato epub. Assim, o mesmo livro estará à venda nas livrarias,  no site da Amazon, e também em outros sites. A única restrição que a Amazon impõe às editoras que assinam contrato com ela é a de que o eBook não poderá ser vendido por preço mais baixo em outros sites. Uma restrição bem razoável e compreensível.


A Editora Sucesso, que mantém esta página, tem um serviço de criação de eBooks que deixa ao cliente (autor independente ou editora) a liberdade de escolher onde vender seu trabalho e lhe dá toda a assessoria sobre como fazê-lo.

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